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Fungo de “The Last of Us”

Conheça o fungo que serviu de inspiração para “The Last Of Us”.

“The Last of Us” é um jogo de ação-aventura e sobrevivência desenvolvido pela Naughty Dog e publicado pela Sony Computer Entertainment. Foi lançado para o console Playstation 3 em junho de 2013 e acumula mais de 200 prêmios de Jogo do Ano.

Prestes a completar uma década de existência, a história foi lançada em forma de seriado pelo serviço de streaming da HBO e já é um enorme sucesso. Vinte anos após a queda da civilização, Joel é contratado para tirar Ellie de uma zona de quarentena perigosa. O que começa como um pequeno trabalho, logo se transforma em uma jornada brutal pela sobrevivência. A distopia pandêmica é um cenário no qual a espécie humana beira a extinção por conta de um fungo que rapidamente transforma as pessoas em canibais através de uma mordida de alguém infectado.

Na adaptação da HBO, a doença que faz com que o fungo estabeleça uma relação parasitária com os humanos controlando-os é chamada Infecção Cerebral do Cordyceps (CBI). Nesse caso, o humano que entra em contato com o fungo perde o controle de sua própria mente e corpo ficando a mercê do parasita.

Apesar de ser uma história fictícia, o fungo retratado na série não é. Ele foi baseado em um que existe na vida real, está no planeta Terra há cerca de 48 milhões de anos e tem sua existência relatada no Brasil além de outros lugares.

O Ophiocordyceps unilateralis é a espécie citada na série e realmente estabelece uma relação parasitária com seu hospedeiro, alterando seu comportamento. A diferença é que esse fungo não faz isso com humanos e sim com insetos e alguns artrópodes. A sua atuação no hospedeiro é bastante parecida com o que é relatado em “The Last of Us”, aos poucos o fungo vai tomando controle das formigas. Em no máximo duas semanas ele obtém o controle de todo o sistema nervoso e, consequentemente, de todas as ações motoras das formigas. Depois que as formigas morrem o fungo espalha seus esporos na natureza a fim de infectar outros insetos.

Ao tomar o controle da movimentação das formigas, o fungo faz com que elas abandonem sua colônia (ambiente natural e confortável para as formigas) e procure próximo a troncos ou embaixo de folhas um local no qual a temperatura e a umidade sejam os ideais para sua proliferação no corpo do inseto. Ou seja, faz com que o hospedeiro migre de sua região de maior conforto para que busque a região de maior conforto para o fungo que está se proliferando. Se este local for muito próximo à colônia, a proliferação dos esporos pode devastar toda a população de formigas daquela região.

Quando o fungo atinge o ápice de seu desenvolvimento no corpo do hospedeiro, é possível identificar uma alteração fenotípica próxima na região da cabeça das formigas. É o corpo frutífero do fungo (assim como os cogumelos são corpos frutíferos). Estas estruturas têm como principais funções o espalhamento de esporos e maior capacidade de captação de umidade e outros nutrientes/parâmetros importantes para seu desenvolvimento e proliferação.

Corpo frutífero do fungo

Apesar de parecer maligno, este fungo tem grande importância ecológica no controle de insetos e artrópodes em abundância em algum ecossistema. Além disso é presente em estudos de importância médica de combate ao câncer, HIV e resistência à insulina.

É possível que esses fungos atinjam seres humanos? A resposta, por enquanto, é não. Seria necessário milhões de mutações extremamente específicas para capacitar um organismo desse a controlar um sistema nervoso tão complexo como o de mamíferos como nós humanos.